Agricultura familiar e cooperativa de seringalistas impulsionam produção de borracha no ES
Matéria-prima de mais de 40 mil produtos, que vão desde o pneu de um carro até a capinha do celular, o Espírito Santo possui um polo de extração de borracha em Anchieta, na região Sul, o que garante a sexta maior produção do país. Em 2023, o setor gerou mais de R$ 51 milhões para o estado.
A agricultura familiar é fundamental para a sustentabilidade dessa produção, em parceria com uma cooperativa de seringalistas, união que começou na década de 90. A família do Dalton Bossatto é uma das que desenvolve o trabalho. Ele falou sobre a dedicação e paciência que a produção envolve.
“Depois que a gente faz o plantio, leva uns 7 anos para ela começar a produção. Você vai cuidando, até a seringueira se tornar uma árvore adulta. Das duas mil árvores que eu tenho, uma por uma, eu sei aquela que dá uma produção melhor, aquela que dá menos. […] Eu conheço ela igual a um filho meu”, compartilhou Dalton.
Apenas em sua propriedade, a produção é de uma tonelada de látex por mês. Em três dias, o material se transforma em borracha natural, que vai para o beneficiamento como base de mais para os mais diversos produtos.
Dalton contou que o trabalho é fruto de uma aposta feita há 30 anos, quando a família fez a transição do cultivo de café e banana para a seringueira.
“Era a fonte de renda para a nossa família, éramos quatro irmãos e cada um cuidava da sua parte, casou e viveu da produção de banana e café. Mas quando as mudas das primeiras seringueiras chegaram, não teve volta. Nós recebemos cinco mil mudas na comunidade, cada proprietário recebeu mil, todos eles plantaram igual nós. Só que antes de começar a produção, eles já tinham desistido da seringa. Só a gente que sobrou, os outros não foram à frente, fizeram outros plantios”.
Décadas depois, dentro de casa, o trabalho continua sendo compartilhado e já evidencia as novas gerações de seringalistas capixabas. O sobrinho, Leonardo Bossatto, é um deles.
“Quando um precisa, o outro ajuda, quando um não pode trabalhar, o outro vai lá e corta, isso que motiva ter a agricultura familiar”, disse Leonardo.
Após a coleta, a borracha é levada para a Cooperativa dos Seringalistas do Espírito Santo, em Guarapari, onde é separada e preparada para distribuição às indústrias. A logística da cooperativa facilita o trabalho dos produtores, que podem se concentrar na colheita.
“A cooperativa vai na propriedade coleta a borracha e traz pro galpão. Embarca em caminhões maiores e leva para usina compradora. Então o produtor só precisa se preocupar em produzir, colher a borracha e colocar em local adequado, para ser coletado na data programada”, explicou a responsável pela logística da cooperativa, Nádia Delarmelina.
De acordo com Nádia, depois que o material é recolhido e chega ao galpão, toda a borracha é separada e, a cooperativa comercializa coágulos de borracha, a usina de beneficiamento processa esse coágulo, que é transformando em granulado escuro brasileiro, ou seja, a matéria prima principal do pneu.
A cooperativa também oferece caixas para a coleta da borracha, reduzindo custos para os produtores. Após o uso, as caixas são recicladas e o lucro gerado é destinado a instituições sociais.
A qualidade da borracha também é monitorada. Amostras são retiradas do seringal, pesadas e processadas para determinar o DRC (Dry Rubber Content), índice que mede a qualidade do produto. Produtores com melhor DRC recebem um valor superior pela sua borracha.
Segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras, a Cooperativa dos Seringalistas do Espírito Santos é a mais antiga de extração de borracha do Brasil. Foi criada em 1991, para trazer protagonismo aos produtores, que na época conviviam com a subvalorização dos preços.
O seringalista expressou a sua paixão pelo trabalho e o comprometimento dos seringalistas capixabas com a produção sustentável de borracha, tudo isso, sem cansaço.
“Às vezes a pessoa quando tá no trabalho e doida para acabar o serviço e ir embora. Eu já sou o contrário, me levanto às 4h e faço minhas 700 árvores pela manhã. Se precisar ajudar meus irmãos, corto o dia inteiro. Não tenho pressa de voltar para casa”, contou.
Fonte: G1
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