Novela ‘Capixaba-Ferroviária’ ainda não chegou ao fim na Desportiva
Apontado hoje como uma das melhores alternativas de fortalecimento aos times de futebol, a sociedade anônima através das SAFs, permite aos clubes investimento para contratação de bons jogadores e equipe técnica. Numa história não tão recente, um modelo bem parecido foi adotado pela Desportiva Ferroviária, um dos clubes mais tradicionais do Espírito Santo. Entretanto, o passo comercial significou o início de uma novela que os torcedores grenás ainda não conseguiram se ver no desfecho.
Em 1999, a Desportiva foi transformada em clube empresa, tornando-se Desportiva Capixaba S/A, a partir de uma parceria com o grupo Villa-Forte & Oliveira, em que o clube ficou com 49% das ações e o grupo econômico pagaria por 51%.
O acordo não foi cumprido, a empresa decretou falência, a Justiça autorizou a dissolução do negócio e a Ferroviária voltou. Isso seria o fim, se não fosse o fato de um possível equívoco cometido ano passado – 24 anos depois do início da saga -, com a nomeação de um liquidante judicial que é auditor do Estado.
O auditor Vaner Correa Simões Junior é servidor da Secretaria de Controle e Transparência do Governo do Espírito Santo (Secont-ES), com carga horária de 40 horas semanais, e por lei não poderia exercer funções paralelamente em âmbito privado. Ele foi nomeado administrador judicial em abril de 2023. O processo de dissolução tramita na 2ª Vara Cível de Cariacica à pedido da defesa do grupo empresarial.
O requerimento de habilitação de Vaner Correa omitiu o cargo público, conforme documentos obtidos pelo ES Hoje. No pedido, o advogado que assina – Sávio Correa Simões – descreve o liquidante somente como “brasileiro, casado, economista inscrito no Coren/ES”. Segundo legislação, a função de administrador judicial não pode ser exercida paralelamente por auditor do Estado. A irregularidade tem permitido que, há um ano, Vaner Correa Simões receba pelo exercício das duas atividades. O servidor estaria incorrendo prática de ato lesivo ao erário público e ofensa aos princípios da administração pública.
Procurado, o presidente da Desportiva Ferroviária, João Carlos Rocha, não quis comentar. Disse apenas que sobre o processo, o que a diretoria grená deseja é o fim. Já o advogado Sergius Furtado se limitou a dizer que, em princípio, a Ferroviária, que é Autora/Requerente da liquidação, “desconhece tal situação nos autos”.
Procurada a Secont não respondeu até a publicação da matéria.
Já o servidor Vaner Correa afirmou que a função de perito-liquidante é exercida por força de nomeação judicial. “Há um quarto de século (25 anos) exerço com grande notabilidade esta função na Grande Vitória. Quanto a minha função pública, sou servidor do Estado há 42 anos, sendo auditor público da despesa ou de controle interno há 30 anos. Sempre exerci a função de perito nas varas cíveis aqui no Estado, nunca exerci nas varas da Fazenda Pública estadual, por força de minha função pública. Neste caso (da Desportiva), é uma beligerância entre entes privados em cada polo da ação, não há figura do poder público”, declarou.
Leilão do Araripe
Com o embrólio entre a Desportiva e a Villa-Forte & Oliveira, o estádio Engenheiro Alencar de Araripe, localizado em Jardim América, Cariacica, pode ir a leilão para quitar as dívidas que ficaram com o clube por conta da falência da empresa. Sendo assim, um dos palcos mais tradicionais do futebol capixaba corre sério risco de mudar de mãos e, até mesmo, deixar de existir.
Fonte: Es Hoje
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