Professora Marina Castro é Homenageada na Prefeitura de Vitória

Professora Marina Castro é Homenageada na Prefeitura de Vitória

Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP) em Dubai, representantes de várias partes do mundo se reuniram para discutir e compartilhar experiências sobre a sustentabilidade na educação. Uma dessas pessoas foi a professora Marina Castro, que apresentou no evento o exitoso projeto “São Cristóvão Sustentável”, desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Orlandina D’Almeida Lucas, localizada no bairro São Cristóvão.

Na tarde desta terça-feira (19), a educadora foi recebida no Salão Nobre da Prefeitura de Vitória pelo prefeito da capital, Lorenzo Pazolini, e pela secretária municipal de Educação, Juliana Rohsner, que fizeram questão cumprimentá-la pelo excelente trabalho realizado na Emef, com o projeto de coleta seletiva e cultivo de horta.

Na ocasião, a educadora contou ao prefeito e à secretária que teve a oportunidade de conhecer professores de diferentes realidades e dialogar sobre os desafios do presente e do futuro. Ela defendeu a urgência de ações imediatas, dizendo: “Se queremos deixar coisas para o futuro, precisamos começar a agir agora”, enfatizou.

Pazolini demonstrou grande admiração pelo trabalho desenvolvido pela por Marina no projeto “São Cristóvão Sustentável e destacou a importância de levar as boas práticas de coleta seletiva para as demais escolas da rede de ensino. “Isso é muito bacana! Procurar escolas que já tenham uma boa vontade em receber o projeto, sem precisar romper barreiras, e depois isso vai se espalhando”, sugeriu o prefeito.

A secretária Juliana Rohsner lembrou que as oito escolas municipais de Vitória que estão em construção já vêm com uma perspectiva sustentável. “Tem o reúso da água, a energia solar. Nos Centros Municipais de Educação Infantil nós estamos trabalhando agora com o quintal brincante, plantando árvores. Porque ao longo dos anos as escolas viraram caixotes de concreto, então começamos a fazer o esverdeamento das escolas”, detalhou.

O projeto

A professora Marina Castro participa do programa Ensina Brasil, que tem a missão de desenvolver lideranças e projetos educacionais nas comunidades escolares de maior vulnerabilidade social.

O projeto “São Cristóvão Sustentável”, que a educadora desenvolveu na Emef Orlandina D’Almeida Lucas, tem como objetivo unir escola, família e comunidade na construção de um ambiente escolar consciente sobre a preservação da natureza e com práticas cotidianas corretas de descarte de resíduos sólidos, para que futuramente isso se torne parte da cultura no bairro.

Para atingir esses objetivos, a escola realizou várias atividades de sensibilização com os estudantes ao longo do ano letivo. Teatros, apresentações, gincana, palestras do Recicla Capixaba e da Rede Urbana Capixaba de Agroecologia (Ruca), além de atividades educativas sobre coleta seletiva, descarte de resíduos e alimentação saudável estão entre as ações realizadas.

Entrevista

Antes do encontro com o prefeito e a secretária de Educação, a professora Marina contou sobre a experiência de participar da COP em Dubai, e falou sobre o projeto “São Cristóvão Sustentável”.
Confira a entrevista:

Como foi a experiência de participar da COP em Dubai?

Professora Marina Castro: A COP foi incrível! A gente teve a oportunidade de conhecer professores do mundo inteiro que trabalham com projetos de sustentabilidade em diversas realidades, e aí nós conversamos sobre os desafios, sobre futuro e sobre presente. Falar sobre projetos de sustentabilidade na COP em Dubai é falar sobre ações que precisamos ter imediatamente. Se queremos deixar coisas para o futuro, precisamos começar a agir agora. Precisamos agir nas nossas escolas, no nosso município, nas nossas obras, na nossa estrutura. Acho que tudo tem que estar ligado com a sustentabilidade, porque, se pensarmos nas coisas separadamente, não conseguiremos avançar. Acho que temos que pensar nas ações coordenadas, todas juntas. E foi isso que tiramos de lá, como precisamos agir na educação de uma forma integral. Projetos como esse [São Cristóvão Sustentável] de dois anos, trazem mudanças, com certeza, para a comunidade e para a vida dos alunos e das famílias. Mas a sustentabilidade tem que estar presente no dia a dia, no cotidiano.

O São Cristóvão Sustentável é um projeto simples de ser executado

Professora Marina Castro: É um projeto muito simples, eu tive muito apoio da prefeitura, inclusive, porque a nossa primeira ação foi implementar a coleta seletiva dentro da escola. É a compra de lixeiras, uma preta para resíduos orgânicos, uma azul para resíduos secos, que são recicláveis, e a parceria com a prefeitura, que faz a coleta desses resíduos duas vezes por semana. Então foi rápida a implementação. E a horta, nossa escola tem um privilégio de ser uma escola grande, com uma estrutura incrível, com muito verde, com muita planta, portanto, implementar a horta foi uma outra ação, além de oficinas, jogos, gincanas. Colocar essas brincadeiras de forma engraçada, de forma lúdica, mas de maneira que eles estejam aprendendo como recicla o lixo, onde que joga, colocar assim não é difícil.

Se é um projeto simples de se implantar, por que é difícil de fazer?

Professora Marina Castro: Como eu sou do Ensina Brasil, eu tenho 15 horas de projeto, então eu tinha um tempo destinado para isso. Eu acho que isso é muito proveitoso, por exemplo, nas escolas integrais, que é um ambiente em que os professores já estão lá o dia inteiro, onde tem disciplinas eletivas, onde tem mais espaço de diálogo. Acho que uma das coisas que a gente conversou na COP foi isso, a falta de tempo. De passar muito tempo em sala de aula, dando aula, lecionando, planejando, e aí os projetos acabam sendo difíceis de ser tocados. Portanto, acho que ter tempo para desenvolver, ter uma equipe que engaje também. Lá no Orlandina, a gente teve vários professores que engajaram, mas também tivemos alguns que não engajaram, mas, no final, a gente conseguiu desenvolver um trabalho legal. Acho que ter estrutura, ter uma gestão. A Zenilda, diretora da Emef, me apoiou muito. Acho que esses são os desafios, além da formação inicial e da formação continuada. A gente precisa falar sobre sustentabilidade nas universidades, em todos os cursos, não só de ciências. A gente precisa falar sobre projetos de sustentabilidade na nossa formação continuada. Acho que é um caminho longo, mas, tomando as atitudes, a gente consegue um resultado bem legal.

Você acha que os estudantes assimilaram o que foi ensinado durante os dois anos do projeto?

Professora Marina Castro: Olha, eu tenho muitos relatos legais. Inclusive, na escola, a única lixeira que a gente não consegue reciclar é a da sala dos professores, por incrível que pareça. Nas salas de aula, os alunos às vezes se confundem e perguntam para os professores. Assim, a gente vê no dia a dia que eles já se preocupam com isso. Eu fiz uma saída para a Escola da Ciência Biologia e História, lá no centro, e quando eu olhei meus alunos estavam na beira da baía pegando o lixo que estava jogado. Então acho que em alguns momentos a gente consegue ver que dá resultado. Os alunos chegam e dizem: olha, professora, a minha mãe está separando o plástico lá em casa e está jogando na lixeira da prefeitura para reciclar. Logo, acho que a gente tem bons exemplos de como a sustentabilidade entrou na vida deles e a relação com a natureza mudou também. Eles falaram: professora, eu não jogo mais papel no chão, professora, eu não faço mais isso. Então, acho que é no dia a dia que a gente também vai reconhecendo como muda essa relação deles com a natureza, com o lixo e com a escola. Porque uma das coisas que a gente queria mudar também é essa relação com a escola, de se entender parte da escola, de se entender protagonista. Porque quem construiu esse projeto foram eles. Eu era só coordenadora, eu ficava ali só ajudando, auxiliando, mas as provas da gincana foram eles que criaram, a coleta seletiva foram eles que fizeram diálogos e conversas com os outros alunos, então acho que a gente precisa ter os alunos como protagonistas dos espaços da escola, para eles entenderem que aquele espaço é deles e quererem cuidar e quererem mudar.

Fonte: Prefeitura de Vitória