Quase 300 empresas do Centro de Vitória fecharam ao longo de 2022
Dados da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória mostram que, desde o início deste ano, 51 empresas fecharam as portas na região
O ano de 2022 não foi favorável para os comerciantes do Centro de Vitória. Isso porque ao longo do ano, mais de 300 empresas encerraram suas atividades na região. Em 2023, que segue no seu segundo mês, já foram registrados 51 fechamentos de empresas no centro da Capital capixaba.
Apesar do número de baixas ter sido maior que em 2021, quando foram registrados 184 fechamentos, 1048 empresas abriram as portas no Centro em 2022 contra 786 em 2021, segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec) da Prefeitura de Vitória.
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Com quase 70 anos de história e tradição em instrumentos musicais, a loja, que já está na terceira geração, abriu as portas quando empreender no Centro de Vitória era bem diferente.
“A parte de roupas e serviços também O comércio era muito forte. Essas lojas da Jerônimo Monteiro eram todas abertas, era um fluxo de gente muito grande. Em época de Natal, por exemplo, a gente funcionava até às 22h”, lembrou o empresário Marcos Calmon, dono de uma loja de instrumentos musicais.
Ao longo dos últimos anos, o número de funcionários caiu de nove para cinco. Se não fosse a clientela fiel e o fato de ser proprietário do ponto, Marcos acredita que o trabalho ficaria ainda mais difícil.
“Aqui a gente tem imóvel próprio, uma cliente devido o tempo da loja, tem uma tradição e nosso preço também é bem competitivo.”
A cabeleireira Angela Maria Capistrano trabalha em um salão na Rua Gama Rosa, point conhecido pelas lojas e bater tradicionais. Até às 14h30 desta terça-feira (14), ela tinha atendido apenas uma cliente.
“Durante o dia não tem movimento nenhum. A gente tem que se virar em uma promoção, ligar para clientes, lembrar que temos promoção, fazer um trabalho diferente para poder trazer eles de volta”, disse a profissional.
Há três anos ela tinha o próprio salão no centro da Capital. Com a pandemia ela teve que fechar as portas. A cabeleireira afirma que para dificultar ainda mais a vida do comerciante, a insegurança afasta os clientes.
A estratégia utilizada pelo empresário Rodolfo Rui foi buscar os clientes na internet.
“Hoje em dia a gente não lucra mais pelo ponto, a gente lucra pelos anúncios. A gente divulga o anúncio e o cliente vem de outro lugar, tanto que 99% dos nossos clientes vem de fora, normalmente não é aqui do Centro”, apontou o empresário dono se uma loja de produtos eletrônicos.
Se a dificuldade é geral, na região um ajuda o outro. Exemplo disso é um aplicativo que garante descontos para moradores do Centro de Vitória que comprarem no comércio local.
“A gente acredita no seguinte: se a gente consumir no bairro que a gente mora, a gente valoriza aquele bairro. É uma prática ao extremo para fazer com que o Centro não dê seu último fôlego.”
Os números traduzem tamanha insatisfação na região. De acordo com dados da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória, em 2022, 310 empresas fecharam as portas no Centro de Vitória, um aumento de quase 70% em relação ao ano anterior, onde 184 inscrições de pessoa jurídica foram baixadas.
Neste ano, até esta terça-feira (14), 51 empresas encerraram suas atividades no Centro.
Uma delas é a Renner, loja de departamentos na avenida Princesa Isabel, que deixará de atuar no dia 28 de fevereiro. A empresa disse que buscou preservar os empregos dos colaboradores, remanejando profissionais para as demais lojas da região.
A Prefeitura de Vitória afirma que oferece benefícios para as empresas permanecerem no Centro, como isenção total do IPTU durante cinco anos a partir da emissão do alvará.
Em contrapartida, as empresas devem melhorar as fachadas e áreas de uso comum. O município disse ainda que realiza obras no centro da Capital como a restauração do Mercado da Capixaba e do Viaduto Caramuru e conta com projetos de urbanização das ruas Sete e Gama Rosa.
PM afirma ter policiamento 24 horas no Centro de Vitória
Sobre a reclamação de insegurança, a Polícia Militar disse, em nota, que o policiamento acontece 24 horas por dia.
A PM disse ainda que destina algumas equipes apenas para o período noturno/madrugada.
“São realizadas abordagens, mas não havendo material ilícito ou conduta criminosa não é possível conduzir à delegacia, conforme legislação vigente. Havendo suspeita ou ocorrência de crime, uma viatura deve ser acionada pelo Ciodes (190)”, informou em nota.
* Com informações da repórter Luana Damasceno, da TV Vitória/Record TV.
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